Presidente da Associação Nacional de Farmacêuticos diz que, se tivesse ocorrido erro na manipulação, o produto teria outras características; defesa de Bellucci alega que houve contaminação na farmácia
Logo na primeira semana do ano, o tênis brasileiro já sofreu um baque. Melhor atleta do Brasil em simples na última década, Thomaz Bellucci anunciou que foi pego no doping e afirmou, em sua defesa, que houve contaminação na farmácia. Nesta segunda-feira, a Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais, que representa o setor magistral, voltado para a manipulação de medicamentos e produtos para a saúde de forma personalizada, se pronunciou. Ademir Valério, presidente do Conselho, disse que, mesmo se houvesse erro, o produto teria tido outros problemas:
– O processo de manipulação é seguro e não permite a contaminação. Porém, vamos extrapolar: admitindo que houvesse eventual equívoco no processo que levasse à contaminação acidental com um diurético, necessariamente haveria também a presença de outros fármacos combinados com essas substâncias, uma vez que elas estão sempre em associação nos medicamentos manipulados. Além disso, a distribuição desse diurético não seria uniforme entre supostas cápsulas contaminadas. Isso pode ser rastreado e precisa ser levado em conta – disse.
Bellucci, que chegou a ser 21º colocado do ranking mundial em 2010 e, desde 2008, é o melhor atleta do Brasil em simples, alegou em sua defesa que houve contaminação por conta da farmácia de um suplemento polivitamínico que costuma consumir regularmente. Ele vai processar o laboratório do Rio de Janeiro que não teve o nome divulgado.
A Associação ainda lembrou, em comunicado oficial, que as farmácias com manipulação passam por um rígido controle:
– As farmácias são obrigadas por lei a manter um livro de registro com todas as receitas médicas aviadas e esse é um documento importante na busca pela resposta de uma investigação, já que pode apontar se houve ou não manipulação do diurético no mesmo dia da preparação do medicamento consumido pelo paciente em questão e, portanto, se havia ou não possibilidade, mesmo que remota, de contaminação cruzada – diz a nota.
Mesmo bioquímico e laboratório: doping de Bellucci é igual ao de outro brasileiro
Bellucci foi notificado do doping no dia 18 de setembro, quando estava na China, se preparando para o ATP de Shenzen. O tenista então voltou ao Brasil para tratar uma lesão no tendão de Aquiles e preparar sua defesa. Ele enviou amostras do polivitamínico contaminado a laboratórios dos Estados Unidos e do Canadá, que comprovaram a contaminação, segundo seu advogado. O atleta também passou por exames de urina e cabelo fora do país para comprovar que não fez uso de substâncias proibidas para melhorar sua performance.
Fonte: Globo Esporte