Blog Farmácia Postado no dia: 19 maio, 2021

Entidades reagem sobre matéria exibida no Fantástico

Após a exibição da reportagem sobre “empurroterapia”, exibida no programa Fantástico, da Rede Globo, no dia 16 de maio, diversas entidades do varejo farmacêutico começaram a se posicionar sobre o conteúdo.

Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) esclarece que os exemplos citados na matéria explicitam uma prática que, de fato, pode ocorrer nos balcões de diversas farmácias, mas é importante que não se façam generalizações. A Abrafarma representa as grandes redes de drogarias, e tem no respeito ao consumidor e à prescrição médica um dos seus valores fundamentais, desenvolvendo um trabalho sério para cuidar da saúde da população.

“Medicamentos genéricos têm eficácia comprovada e são um importante instrumento de acesso à população. Os preços são bem mais baixos e permitem que milhões de brasileiros cumpram seu tratamento em razão de seu menor custo. Genéricos evitam agravos, salvam a vida das pessoas e representam uma conquista do povo brasileiro”, diz a entidade em nota.

Produtos à base de vitaminas são importantes instrumentos acessíveis ao consumidor global, para melhora da imunidade e suplementação. Estão disponíveis em centenas de países. O autoconsumo responsável de suplementos é, inclusive, uma prática preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses produtos são classificados como suplementos nutricionais e não como medicamentos.

“Não se pode confundir a oferta de descontos e promoções com empurroterapia, que consiste em fazer com que o cliente adquira um medicamento de que não necessita com um discurso mentiroso e manipulador. Os descontos, ofertas e promoções reduzem o preço dos produtos e aumentam a sua acessibilidade e a adesão ao tratamento”, ressalta o comunicado da Abrafarma.

Nas boas redes de drogarias, os farmacêuticos e atendentes são profissionais capacitados e conscientes de suas responsabilidades, e estão disponíveis para assistência à venda em todos os estabelecimentos. São o pilar fundamental de um setor importante para a vida de milhões de brasileiros, que têm na farmácia um dos lugares de maior confiança do país, segundo pesquisas ao longo do tempo. Tais profissionais estão prontos a auxiliar, esclarecer, aconselhar e acompanhar os pacientes, e contam com o carinho e o respeito do consumidor.

Sem generalizações

Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro (Ascoferj), por exemplo, ressaltou a importância do trabalho jornalístico para trazer à tona os problemas da sociedade, mas também esclareceu que é necessário não generalizar as situações. “É perigoso e irresponsável nivelar por baixo as mais de 80 mil farmácias brasileiras, pois a maioria trabalha com ética e responsabilidade. A maior parte delas é o primeiro ponto de contato do paciente, que, muitas vezes, não consegue atendimento no sistema público de saúde, extremamente caótico, como todos sabem. Portanto, colocar em xeque uma relação de confiança que vem sendo construída há nos pode ter efeitos nocivos à saúde das pessoas”, fala a entidade no seu posicionamento.Para o Sincofarma SP, apresentar uma pequena reportagem com algumas pessoas envolvidas, não pode representar as 80 mil farmácias do Brasil que lutam pela ética, conduta e responsabilidade. O fato de generalizar este número com algumas atitudes por meio de comportamento de venda de genérico ou bioequivalente, intitulada “empurroterapia” é muito apelativo e perigoso.

As farmácias são locais de saúde que cada vez mais estão se posicionando como indispensáveis para a colaboração do sistema único de saúde – SUS, desde o mais simples serviço que é conseguido se resolver pelo atendimento farmacêutico, como o mais imprescindível neste momento como é o de vacinação.

“O respeito deve ser ressaltado nesta matéria, principalmente avaliando o número de estabelecimentos que utilizam desta prática irresponsável versus à apuração das farmácias e drogarias que mantem seus princípios e valores e que fazem jus ao seu conceito de saúde e atendimento diário à toda população deste país”, afirma a nota do Sincofarma. O principal fiscal é sempre o consumidor, que deve avaliar a necessidade e interesse que impera no comportamento do ser humano não apenas dentro do estabelecimento farmacêutico.

 CFF propõe pacto contra a “empurroterapia”

 Conselho Federal de Farmácia (CFF) tem travado uma luta histórica contra essa prática, muito antes da CPI do Medicamento, há 20 anos, que já abordava o tema. A última e importante conquista contra essa conjuntura cultural e de mercado foi a aprovação da Lei 13.021/2014, que reclassificou as farmácias como estabelecimentos de saúde, reiterou a autoridade técnica do farmacêutico dentro destes estabelecimentos e imputou proprietários de farmácias a obrigação solidária da promoção do uso racional de medicamentos.

O CFF propõe um pacto contra a empurroterapia e buscará o apoio da sociedade e do Congresso Nacional contra as propostas que podem agravar problemas como a da instituição da figura do farmacêutico remoto e a da venda de medicamentos fora das farmácias.

A entidade lembra que a intercambialidade de medicamentos de referência pelos genéricos ou similares é permitida no país como atividade privativa do farmacêutico. Ou seja, desde que não haja manifestação em contrária da parte do prescritor, o farmacêutico está autorizado e deve, nos casos permitidos, sugerir a troca como uma alternativa que visa o benefício econômico do usuário mantendo e garantindo a qualidade do atendimento. Medicamentos genéricos são um patrimônio da saúde pública no Brasil e o estímulo ao seu uso é uma prática benéfica ao paciente, não devendo ser confundido com a “empurroterapia”.

E com o objetivo de responsabilizar e qualificar mais ainda a assistência farmacêutica, o CFF anuncia que dará prosseguimento à regulamentação da profissão de técnico de farmácia. Com direitos e deveres estabelecidos em resolução, essa categoria certamente terá melhores condições para aperfeiçoar o seu papel de apoiar a profissão farmacêutica no cuidado à saúde das pessoas.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico. Acessado em: 19/05/2021