O programa Farmácia Popular, criado para garantir acesso a medicamentos essenciais, foi alvo de um esquema criminoso que desviou quase R$ 40 milhões por meio de farmácias fantasmas, segundo investigação da Polícia Federal. O golpe envolvia postos fictícios e uso indevido de CPFs de pessoas inocentes, ferindo diretamente a credibilidade do sistema e prejudicando usuários legítimos.
Operação e descoberta do esquema
A fraude veio à tona a partir de uma apreensão de 191 kg de drogas, que levou à prisão de um caminhoneiro em Rondônia e, consequentemente, à identificação de membros da quadrilha, como Clayton Soares da Silva e Fernando Batista da Silva, o “Fernando Piolho”. As apurações revelaram o uso de empresas de fachada em endereços inexistentes, revelando o complexo funcionamento da rede composta por 148 farmácias reais ou fantasmas.
Lavagem de dinheiro e financiamento de narcotráfico
O esquema não se limitou ao desvio de verbas do SUS: recursos foram usados para lavar dinheiro e financiar o tráfico internacional de cocaína, com repasses a zonas de fronteira no Peru e na Bolívia. A ligação com organizações criminosas peruanas, como o Clã Cisneros, evidencia o alcance e sofisticação do crime, colocando em xeque a segurança do Farmácia Popular.
Vítimas da fraude: pessoas comuns e prejuízo ao SUS
O golpe atingiu pacientes de forma direta. Um dentista de Sumaré (SP), por exemplo, descobriu que seu CPF foi utilizado para retirada de até 20 caixas de insulina por mês, mesmo sem ser diabético. Estima-se que cerca de 160 mil CPFs foram usados indevidamente, resultando não só em prejuízo financeiro ao SUS, mas também em danos à reputação e burocracia para vítimas inocentes.
Medidas e combate à fraude no Farmácia Popular
Em resposta, o SUS intensificou a fiscalização: segundo o Departamento Nacional de Auditoria, são bloqueadas aproximadamente 140 mil tentativas de fraudes por dia. A PF já excluiu mais de 8.000 farmácias com indícios de irregularidade do programa, mas as investigações continuam, com o objetivo de responsabilizar os envolvidos e recuperar os recursos desviados.